Elas não estão entre as mais brilhantes e massivas, tampouco entre as menores e mais fracas. Localizadas nas regiões intermediárias da Sequência Principal, as estrelas do tipo solar apresentam caracterÃsticas comuns à maior parte dos astros que preenchem o Universo. Suas notáveis semelhanças à nossa estrela mãe, o Sol, as tornam importantes objetos de investigação para que astrofÃsicos(as) compreendam nosso lugar no cosmos.
O inÃcio da queima do combustÃvel nuclear na região central de uma estrela é o acontecimento que marca a sua entrada na Sequência Principal, região do Diagrama Cor-Magnitude em que permanecerá durante a maior parte da vida (90% do tempo). Estrelas frias e pouco massivas, deverão se acomodar na extremidade inferior dessa estreita faixa diagonal, de forma oposta à s massivas, quentes e extremamente brilhantes estrelas azuis, localizadas na parte superior. Entre esses dois extremos, partindo do quente azulado para o frio avermelhado, encontram-se estrelas com caracterÃsticas comuns no Universo, como o Sol — nossa extraordinária estrela ordinária.
No interior do núcleo solar, o processo de fusão termonuclear consome hidrogênio suficiente para gerar uma energia equivalente a milhões de vezes a quantidade de petróleo produzido anualmente em todo o mundo. Ao sair da região central, tamanha energia passa pela chamada Zona Radiativa, na qual as ondas eletromagnéticas, resultantes do processo de fusão, são transportadas à s regiões mais externas do astro. Próximo da superfÃcie, ao adentrarem a Zona de Convecção, os gases solares são aquecidos como em uma panela de água fervente, subindo ao exterior para liberar energia ao meio interestelar e mergulhar novamente, em um processo cÃclico conhecido como convecção.
É na Fotosfera, a camada visÃvel do Sol, que a energia produzida em seu interior é irradiada para fora, em um processo que perdura milhares de anos, observada sob a forma de luz visÃvel ou outras radiações eletromagnéticas. Devido à s altÃssimas temperaturas dessa região, os átomos que a constituem têm seus elétrons arrancados, originando uma mistura de gases ionizados e elétrons conhecida como plasma. O cientista José Leonardo Ferreira investiga diferentes aspectos fÃsicos desse estado da matéria, que além de compor a superfÃcie das estrelas, se faz presente em diferentes aplicações tecnológicas, como no desenvolvimento de antenas, no processo de esterilização de equipamentos e na construção de propulsores para satélites e sondas espaciais.
As famosas manchas solares — regiões aparentemente escuras por serem mais frias que o resto da atmosfera do Sol — também são encontradas na Fotosfera, podendo ser observadas de forma cÃclica, aproximadamente a cada 11 anos. Suas origens remetem à ação de um intenso campo magnético, que interage com os gases na superfÃcie solar e inibe temporariamente o processo de convecção em uma dada área, reduzindo sua temperatura. Encobrindo a Fotosfera, há duas outras camadas de gases rarefeitos compondo a atmosfera solar: a Cromosfera, visÃvel apenas em eclipses em torno da Lua escura, e a Coroa, de onde os ventos solares expelem grande quantidade de matéria para o meio interestelar.
Estrelas classificadas como do tipo solar compartilham caracterÃsticas semelhantes à s do nosso Sol, apresentando entre 0,8 a 1,2 massas solares e temperaturas em torno de 5.500 K, conferindo a elas a coloração amarelada. A depender das caracterÃsticas em comum, podemos até arriscar a dizer que algumas estrelas são como primas do Sol. Por outro lado, a estrela mais parecida com o Sol que conhecemos, praticamente sua irmã gêmea, é a HIP 56948. A sua massa, temperatura superficial, raio, brilho e composição quÃmica são praticamente idênticos aos do Sol. Ela está localizada no hemisfério celestial norte, na constelação do Dragão. O sol tem cerca de 4,6 bilhões de anos, enquanto que as pesquisas revelam que a estrela HIP 56948 tem cerca de bilhão de anos a menos.
Muitos desses astros são conhecidos por hospedar sistemas planetários, como o nosso sistema solar, o que os torna de grande interesse à astrofÃsica na busca por exoplanetas habitáveis e traços de vida no cosmos. Ao estudar diferentes propriedades e estágios de suas vidas, astrofÃsicos(as) percorrem nossa trajetória cósmica em busca de compreender, sob a perspectiva de nossas irmãs solares, o nosso próprio lugar na imensidão do cosmos.