Para onde vão as estrelas quando morrem? Estrelas como o Sol chegam aos momentos finais de sua vida estelar ao expulsar suas camadas de matéria para o espaço em uma nebulosa planetária. Da nuvem de gás e poeira interestelar, o que antes era o núcleo estelar, agora passará centenas de bilhões de anos esfriando Universo afora, na forma de uma pequena, densa e fria Anã Branca.
A massa é uma das propriedades de maior importância para uma estrela, influenciando outras de suas características e direcionando os caminhos a serem percorridos por ela, desde a sua entrada no Diagrama Cor-Magnitude aos instantes finais de sua existência cósmica. Pacientes e pouco massivas, as Anãs Vermelhas, localizadas nas regiões inferiores da Sequência Principal, passam trilhões de anos convertendo seu hidrogênio em hélio e esfriam lentamente pelo resto de seus dias. De forma oposta, as violentas e impulsivas estrelas com mais de 8 massas solares encerram seu ciclo evolutivo com uma impressionante explosão de supernova, espalhando seus restos mortais pelo meio interestelar.
Estrelas como o Sol (entre 0,4 e 8 massas solares), ao esgotarem o seu combustível nuclear durante a fase de Gigante, ejetam suas camadas externas, dando origem ao que chamamos de Nebulosa Planetária. Quando os gases e a poeira se diluem completamente, no centro da matéria estelar, o que antes era uma estrela, agora resume-se a um núcleo de oxigênio e carbono coberto por uma fina camada de hidrogênio e hélio. A este núcleo exaurido, damos o nome de Anã Branca, o último estágio de evolução dessas estrelas, que abandonam as regiões superiores do Diagrama Cor-Magnitude para se acomodarem ao sul — no cemitério estelar.
Nebulosas planetárias como a Hélix são formadas no final da vida de uma estrela (como o Sol) que está em fase de evolução para uma anã branca.
Créditos da imagem: NASA e ESA.
Em geral, as anãs brancas apresentam tamanho aproximado ao da Terra e massa equivalente à solar, sendo, portanto, pequenas, massivas e altamente densas. Tipicamente a densidade de uma anã branca é de 109 kg/m3, de modo que se uma colher de chá cheia da matéria que compõe estes núcleos estelares exauridos fosse levada para a Terra, ela pesaria cerca de 5 toneladas. Ao longo de bilhões de anos, uma Anã Branca irradia seu estoque de energia para o meio interestelar, perdendo brilho, temperatura e se movendo cada vez mais para a região inferior direita do Diagrama, onde permanece.
Na vizinhança de nosso Sistema Solar se encontram muitas Anãs Brancas, entretanto todas são demasiadamente fracas para que possam ser vistas a olho nu. A primeira anã branca a ser detectada, Sirius B, companheira gravitacional de Sirius A, foi avistada pela primeira vez em 1862, após um significativo avanço na construção de telescópios. Desde então, astrofísicos(as) passaram a observar e estudar essas remanescentes estelares em todo o cosmos, revelando detalhes sobre a evolução de estrelas que, como o nosso Sol, passarão centenas de bilhões de anos esfriando na imensidão do Universo.