Os aglomerados globulares são tão antigos quanto a própria Galáxia, sendo verdadeiras relíquias testemunhas de sua história, proporcionando valiosas informações sobre a formação e evolução da galáxia que o hospeda.
Os aglomerados globulares são muito maiores e mais densos que os aglomerados abertos, contendo milhares a milhões de estrelas, todas formadas a partir de uma nebulosa compartilhada. Além disso, são objetos velhos, com aproximadamente a idade da nossa galáxia - entre 12 e 14 bilhões de anos. Neles são encontradas algumas das estrelas mais antigas conhecidas. Como as estrelas velhas tendem a ter um brilho avermelhado, os aglomerados globulares geralmente parecem mais vermelhos do que os aglomerados abertos.
Esses aglomerados podem ser divididos em duas categorias: pobres em metal, situados no halo da Galáxia e ricos em metal, situados mais próximos ao bojo. São observados também em outras galáxias, como em Andrômeda. São registros fósseis da formação da Via Láctea e são usados como estimadores de sua idade.
O aglomerado NGC 2210, na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da Via Láctea, é um exemplo típico de aglomerado globular, e está a uma distância de cerca de 157 mil anos-luz da Terra. É possível notar que a geometria esférica é uma característica visível destes objetos.
Créditos da imagem: ESA/Hubble & NASA, A. Sarajedini, F. Niederhofer.
A Galáxia tem três partes principais: um núcleo ou bojo (na região mais central), um disco e um halo. O disco é a parte onde o sistema solar está situado. Estrelas de População I e nuvens interestelares de gás e poeira também habitam o disco. O Sol localiza-se um pouco acima do plano central a uma distância de aproximadamente 8 kpc do centro da Galáxia.
Ao contrário dos aglomerados abertos, a densidade de estrelas nos seus centros é tão alta que é difícil discernir estrelas individuais, mesmo com telescópios poderosos. Além disso, por serem povoados por estrelas de diferentes massas, mas com idades e composições químicas semelhantes, estes aglomerados são laboratórios ideais para o estudo da evolução estelar.
Nossa galáxia tem cerca de 150 aglomerados globulares, alguns dos quais podem ter sido capturados de pequenas galáxias. É possível saber sobre a captura, quando se descobre que a composição química é diferente da encontrada na nossa galáxia. Algumas galáxias são muito mais ricas em globulares, como a galáxia elíptica M87, que contém mais de mil.
É possível ver alguns aglomerados globulares a olho nu. Este é o caso do Omega Centauri, conhecido desde a antiguidade, que foi catalogado como uma estrela antes da era telescópica. Ele está a cerca de 15 mil anos-luz da Terra e tem cerca de 12 bilhões de anos.
Aglomerado estelar Omega Centauri, o maior e mais brilhante da Via Láctea. Créditos: European Southern Observatory (ESO).
O astrofísico Alan Alves Brito, em sua tese de doutorado, determinou a metalicidade e razões elementares de abundâncias em estrelas do aglomerado globular rico em metais NGC 6553, localizado no bojo da nossa galáxia, além do estudo de estrelas de NGC 6528, 47 Tucanae e M71. Sua pesquisa contribuiu para a compreensão do histórico de formação estelar e enriquecimento químico no regime de mais alta metalicidade de nossa Galáxia, além de ajudar a entender a origem nucleossintética dos vários elementos estudados.